21 de fevereiro de 2011

Eu estava lá: Flamengo elimina o Botafogo nos pênaltis, mais uma vez.

Antes do clássico: Nova Iguaçu 1x3 Olaria

   Não tenho o costume de ir ao estádio ver o Flamengo. Nem quando o Maracanã ainda estava aberto. Primeiro, porque moro em Juiz de Fora. Segundo, meu pai sempre teve medo de confusão. Fui a alguns jogos, mas nunca partidas decisivas.
  13h30 já estávamos na fila, eu meu irmão e outros 7 juizforanos flamenguistas. Nós éramos os primeiros, aguardando abrirem os portões, o que ocorreu com 15 minutos de atraso. A entrada da ala leste estava tranqüila. O policiamento ia aumentando na mesma velocidade que os torcedores. Vi a Urubuzada chegar com um caminhão, com seus tambores, bandeiras e afins. Ansiedade já tomava conta, e também a fome.
  14h, já dentro do estádio, sentados e alimentados, assistíamos o Nova Iguaçu perder por 3x1 do Olaria. Ficamos com pena daquelas pobres pessoas jogando embaixo de um sol escaldante.
  Mas mesmo com o calor insuportável, o estádio começou a encher por volta de 15h30. E as torcidas já começavam a se provocar, se vaiar, se xingar e a cantar. Fiquei perto da Urubuzada, emocionante. Estava ansiosa, queria que o jogo começasse logo.
Jean Carlos, 5 anos
Eu era quase tão caloura no Engenhão quanto o amigo que fiz, que sentou na minha frente. Ele chama Jean Carlos, tem 5 anos, carioca. No início do jogo, me disse que era Flamengo porque o pai era, e ele gostava de vermelho. 
Mesmo com apenas 30 mil no Engenhão, a torcida do Mengão foi imponente, como sempre. E apoiou o time. Flamengo abriu o placar com Ronaldo Angelim, sempre fazendo gols em jogos decisivos. Jogo bom, disputado, bacana de se ver. E de se xingar, o juiz, o Fernando, o Deivid. Meu deus, como é péssimo ver o Deivid jogar, pior q na Tv. Ronaldinho nunca vai corresponder as expectativas. Mas, demonstra vontade de jogar. Isso já é muito importante, teve boa movimentação e fez sua melhor partida pelo Flamengo. Negueba entrou bem, entortando alguns e sem medo algum. Menino tem futuro. Mas prefiro ele entrando nos segundos tempos do que começando como titular. Pra mim, no lugar do horroroso Deivid, Drogbinha é o nome. 
Depois de comemorar o gol do Angelim, Jean Carlos se irritou com o sol. Ficou sentado atrás do pai, escondido. Tomou picolé. Tomou coca. Comeu biscoito. Fez careta quando a torcida falava palavrões.
Intervalo de jogo, eu, quase desmaiando pelo calor desumano, não encontrei água pra comprar... Segundo tempo. Eu tava sentindo que ia ter mais um empate na história do clássico. E Loco Abreu sozinho, marcou o empate. Jogo tenso, aflito, sofrido. 
A torcida cresceu após o gol do Botafogo, apoiando o time. Fenomenal. Participar do bandeirão, gritar junto, xingar junto e aplaudir, foi uma experiência sem igual. Não tem TV HD que permite sentir a emoção do estádio.
 E com o tempo acabando, era pênaltis. Não me lembro de ver meu time perder nos pênaltis, isso inflou a torcida. E apequenou a torcida do Botafogo. Que, mesmo sendo menor que a do Flamengo, não consegue apoiar o time. Não consigo entender. Enfim, Felipe me lembrou o Bruno e defendeu dois. Cajá ajudou e perdeu o seu. Leo Moura deu sorte, a bola entrou. Botafoguenses saiam imediatamente do Engenhão. 
E a torcida gritava, cantava, exaltava, e provocava. Os jogadores foram pra pista de atletismo comemorar. A torcida louvava o Felipe.
Jean Carlos, meu amiguinho, pulava, cantava, aplaudia. Tava incrivelmente feliz. Seu pai colocou o garoto pra falar com a mãe no telefone, ele disse: “mamãe é muito legal aqui. Tem picolé, todo mundo grita e pula. E o Flamengo ganhou! To apaixonado”. Me intriguei com o apaixonado. Fui perguntar a ele, porque ele disse que estava apaixonado. Ele me respondeu: ‘meu irmão outro dia me disse que estava apaixonado. Disse que gostava muito da amiga dele. E agora gosto muito do Flamengo, tô apaixonado”.
E o Flamengo acaba de ganhar mais um, agora verdadeiro torcedor. Esse, tenho certeza que volta muitas vezes ao estádio, seja no Engenhão, no Maracanã, ou a onde for.









E assim, a massa flamenguista descia as rampas do Engenhão. Cantando e feliz. Botafogo eliminado, agora é esperar o Boa Vista. E por favor, sem Oba Oba.






















Voltei pra Juiz de Fora feliz, meu time foi pra final, não vi confusão alguma. Vi mulheres, vi famílias, vi crianças e vi muita festa. Com certeza vou voltar.




9 comentários:

  1. Esse garotinho foi a coisa mais linda.
    Imagino mesmo que nenhuma TV HD reproduza a sensação de assistir a um jogo in loco. Ainda me devo essa.

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  2. Adorei seus comentários, muito legal a diagramação e as fotos...Parabéns! Deus abençoe!!!

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  3. A primeira vez num estádio sempre é uma emoção muito grande. Parabéns pelo texto e por ter visto o jogo no campo. Jogo fraco tecnicamente mas lotado de emoções. Como todos os Fla X Bota.

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  4. Obrigada pelos elogios!! :D Foi realmente gratificante e emocionante

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  5. Tbm moro fora do Rio. Carioca exilado em SP... Mas já viajei muito pra ver o Mengão. Já peguei avião quarta à tarde pra ver jogo da copa do Brasil 4ª à noite e voltar 5ª de manhã, mas no Engenhão nunca fui. Acho fora de mão, não é como no maraca que é só descer do metrô e estamos praticamente dentro do estádio, mas enfim, vou ter que me acostumar.
    O jogo foi emocionante, então eu imagino como deve ter sido ver ao vivo. Foi nossa melhor partida esse ano, o time tá encaixando. Ronaldinho tá evoluindo, e como tem se dedicado muito está mais solto, mais rápido, e ontem já fez suas graças. Além de quase ter marcado um golaço no segundo tempo, que o Jefferson tirou na pontinha da luva.
    Jefferson aliás que agarrou MUITO, fez defesas incríveis. Mas Felipe foi pouco exigido, e quando o foi mostrou qualidade. E nos pênaltis, que é quando um goleiro costuma se consagrar, deu show. Negueba, nem se fala, mudou o time. Aliás, o Flamengo com 2 atacantes, Ronaldinho como centroavante, tem sido bem melhor.
    Bom, mas sem o POSTE Deivid lá na frente, como tinha como não melhorar...
    Mas o melhor foi o seu amigo Jean.
    Vc tem toda razão: não tem TV super HD ultra max que reproduza a emoção de estar no estádio e ver a Nação fazendo festa. Eu, que sou "um pouquinho" mais velho que o Jean, guardo alguns jogos do Fla como algumas das maiores emoções da minha vida.
    Levar uma criança ao estádio, fazer festa, ver as cores, as bandeiras e os cantos da torcida não tem preço. É assim que se faz um novo rubro-negro de carteirinha.
    E o Jean, com certeza, vai ser rubro-negro até a próxima vida!
    Qualquer hora a gente se esbarra, eu vc e o Jean, em algum outro momento de rubro-negrismo explícito! Quem sabe nas finais do carioca?
    Bjs e SRN, sempre!

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  6. Não gostei muito do resultado, afinal sou vascaíno. Mas concordo que a partida foi realmente como todos os clássicos deveriam ser: movimentada, disputada e limpa. Venceu o mais competente. Parabéns pelo texto, descreveu muito bem a sensação de acompanhar o seu time, in loco, em uma decisão. Já senti isso com o Tupi, falta com o Vasco.

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  7. Muito bom o relato que vc do menino incluido nos lances da partida e a sua visao do estadio. Texto muito bem pensado, o jornalismo esportivo poderia evoluir para esse lado. Afinal estamos todos cansados de relatar somente o que acontece dentro das 4 linhas. Parabens e pena que nao posso ver uma a partida do mengao a muito tempo. SRN

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  8. Deve ter sido leagl ter visto o time para o qual vc torce, vencer uma semifinal..ainda n tive este prazer, mas um dia verei os 4 times que torço serem campeões ao vivo!

    Abraço!

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  9. Embora o resultado não tenhasido dos melhores - pra mim, é claro - adorei o texto. Também tive minha primeiravez em estádios e é sempre inesquecível. Quanto ao jogo, detalhes decidiram. E em Fla x Bota, o detalhe sempre é o fator decisivo. Aguardem o 2° turno,o campeonato não acabou!

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