14 de dezembro de 2010

O clássico das estrelas

Um dos maiores clássicos do futebol mundial movimentou uma segunda-feira atípica na Espanha



 Segundas-feiras normalmente são dias em que todos lamentam. Afinal, o fim de semana acabou e todos voltam a sua rotina, de trabalho, estudo, seja o que for. Mas na segunda-feira, 29 de novembro, os torcedores de Barcelona e Real Madrid não viveriam um dia típico. Muito pelo contrário. Aquela segunda-feira era o palco do maior clássico do país. O time da Catalunha e o time da capital iriam se enfrentar. Não havia um só espanhol que não sabia a grandiosidade e a importância dessa partida de futebol. Porque afinal, essa disputa carrega consigo toda uma história, de duas regiões, de duas cidades, de duas culturas. 

Um jogo no qual esporte, política e cultura estão enraizados
Um Barça-Madrid é muito mais do que uma disputa entre 22 homens uniformizados por um objeto esférico. O Barcelona Fútbol Club representa e sempre defendeu a região da Catalunha, considerada pela maioria de seus habitantes um país, com língua, bandeira e cultura própria.


O Real Madrid Club de Fútbol representa a capital da Espanha, e foi usado pelo General Franco como símbolo durante a ditadura. Ditadura esta, que oprimiu a Catalunha, proibiu a língua catalã e a exibição da bandeira dessa região. Ditadura essa que fuzilou um presidente do Barcelona Fútbol Club. E este mesmo clube, era o único local público onde os catalães podiam falar sua língua e viver sem opressão. Estes são alguns dos itens para se tentar entender a grandiosidade e toda uma história que esse clássico carrega.




100 mil dentro do estádio, 400 milhões diante da TV
Presenciando aquele espetáculo esportivo no belíssimo e moderno estádio do Camp Nou, naquela segunda-feira, 29 de novembro, estavam quase 100 mil culè – como são conhecidos os torcedores do Barcelona.. Não tão longe dali, em 72 cinemas espalhados pelo país, outros espanhóis também acompanhavam aquela partida, recheada de história.

Mais longe ainda, espalhados pelo globo terrestre, outras 400 milhões de pessoas também assistiam a partida pela TV. Afinal, emissoras de 29 países e 900 jornalistas estavam no Camp Nou para tentar passar a emoção e a intensidade de um jogo para aqueles que não puderam presenciar tamanho espetáculo.



Os melhores do mundo em campo
Considerando apenas o futebol, aquela partida já era digna de parar uma segunda-feira. Entre os 22 homens que começaram a batalha apenas um deles não havia disputado a Copa do Mundo, em julho, na África do Sul. 14 deles haviam sido campeões mundiais pela Espanha. O melhor jogador do mundo da atualidade estaria em campo, o argentino Lionel Messi. Também jogaria, o quase tão bom Cristiano Ronaldo. O Barcelona é considerado por muitos o melhor time do século, não apenas por conquistar títulos, mas por apresentar o futebol mais bonito do mundo. Assim, no mínimo pelo futebol, já se esperava uma grande partida.


Barcelona ensina ao mundo o que é futebol de verdade

Todavia, o que se viu, foi muito mais do que uma partida. Foi um espetáculo circense. Ver o Barcelona ganhar de 5 a 0 do Real Madrid foi como ver uma exibição do Cirque du Soleil, companhia circense que não utiliza animais.  E é conhecida pelo seu brilhantismo que choca e encanta a todos, fazendo performances de deixar a platéia boquiaberta se perguntando ‘como eles fazem isso¿’.  O Barcelona faz algo parecido dentro de campo. Os culè fazem o futebol parecer bobo de tão fácil. Os jogadores tocam a bola com tamanha precisão e delicadeza que parecem dançar. O dinamismo, a postura, a graça, com que aqueles artistas do futebol tratam a bola impressiona, comove, emociona. A própria bola, acostumada a sofrer nos pés de quem não tem talento, se exibe aos espectadores ao ser tratada com tanto carinho. 
O Barcelona não joga o futebol de guerreiros, o Barcelona exibe um futebol de artistas, dançarinos, um futebol circense. Lionel Messi, aquele homem baixinho de 23 anos, deixa homens vividos com olhinhos de criança contemplando o brinquedo novo. Aquele brilho no olhar, de felicidade, espanto, tamanha a graciosidade com que joga Futebol. Isso mesmo, Futebol, com F maiúsculo, porque futebol jogam os outros times, o Barcelona joga um futebol tão superior que merece ser diferenciado dos demais. E assim, se exibindo, tocando a bola de pé em pé, entortando os adversários, deixando pra trás até mesmo aqueles que irritados com tamanha superioridade tentam machucar o rival, que o Barcelona foi botando a bola no gol do Real Madrid. Cada gol um ato, uma dança, um espetáculo do Cirque du Soleil. Vendo tamanha habilidade não sobrou nada ao Real Madrid a não ser assistir e tentar aprender a jogar o verdadeiro Futebol.
Agradecidos. Foram assim que se sentiram os quase 100 mil presentes e os 400 milhões que contemplaram a partida diante da Tv. Até mesmo os que torceram para o Real Madrid estavam gratos por ter tido o privilégio de ver. Não tem uma só alma, um só amante do futebol, seja de qual país, cultura, torcedor de qualquer time, que não admire a filosofia, o estilo, a magia, com que o Barcelona joga Futebol.  

Um comentário:

  1. só pra dizer: BARRRRRRRÇA!

    sério agora.

    depois de uns 4 anos sem ligar muito pro campeonato espanhol, posso dizer que esse jogo me fez animar com o barcelona e com la liga de novo

    ResponderExcluir

Já palpitaram